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O poder de ler: como a leitura realmente transforma o cérebro (e a vida)

Atualizado: 14 de out.

Reflexões inspiradas na entrevista da BBC News Brasil com o neurobiólogo Francisco Mora sobre os impactos da leitura no cérebro humano e na formação das pessoas.



garota na biblioteca


Recentemente, li uma entrevista fascinante publicada pela BBC News Brasil, que me fez refletir profundamente sobre o poder da leitura — não apenas como instrumento de aprendizado, mas como algo capaz de remodelar o nosso cérebro e, em última instância, a nossa forma de ser.


O entrevistado era o neurobiólogo espanhol Francisco Mora, autor de Neuroeducación e Neuroeducación y lectura, obras que investigam como o ato de ler influencia diretamente a estrutura e o funcionamento do cérebro humano.


Segundo Mora, a leitura é uma invenção cultural, não genética. Nascemos com predisposição para falar, mas não para ler. Aprender a decifrar palavras é um esforço construído, fruto de paciência, emoção e curiosidade. Essa ideia me chamou atenção porque, como autor e ilustrador de livros infantojuvenis, acredito que o prazer da leitura nasce justamente quando conseguimos despertar esses sentimentos nos jovens — quando o livro deixa de ser um “castigo escolar” e se transforma em uma aventura de descobertas.


Um ponto que Mora destaca — e que considero essencial — é o risco de forçar a alfabetização precoce. Ele defende que o ensino formal da leitura deve começar por volta dos sete anos, quando o cérebro já está maduro para isso. Mais do que pressa, o que realmente estimula o desenvolvimento é o ambiente emocional: crianças que crescem em lares onde se lê têm mais facilidade para aprender a ler, não por obrigação, mas por encantamento.


Outro aspecto que me marcou foi a análise sobre a atenção na era digital. O neurobiólogo aponta que a internet, embora revolucionária, tem enfraquecido nossa capacidade de concentração. Ler um livro exige foco, tempo e entrega — qualidades cada vez mais escassas em um mundo de notificações e distrações constantes. Como artista, observo isso também em meus encontros com alunos: muitos têm dificuldade de sustentar a atenção em uma história sem o apoio de estímulos visuais rápidos.


E, por fim, o ponto mais inspirador: ler muda o cérebro — e muda quem somos. Mora explica que o ato de ler altera fisicamente o cérebro, criando novas conexões neurais, reforçando a empatia e ampliando o repertório emocional. É como se cada livro lido abrisse uma janela a mais dentro de nós. Ele cita Umberto Eco, que escreveu: “Quem não lê, aos 70 anos terá vivido apenas uma vida. Quem lê, terá vivido 5 mil anos.”


Ler é, portanto, uma forma de ampliar nossa percepção do mundo, feita de memórias, palavras e imaginação.


 


Sérgio Merli é escritor, ilustrador, designer gráfico e palestrante. O autor deste artigo escreveu e ilustrou 12 livros publicados pelas editoras Melhoramentos, SESI, Suinara e Paulus. Sergio Merli realiza palestras em escolas e eventos culturais falando sobre literatura, arte e meio ambiente, sempre com desenhos ao vivo. Ele também ilustra obras para outros autores. Clique aqui e saiba mais.

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sergio@merli.com.br

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